sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Releitura da música "Baião", de Luiz Gonzaga
COMO SE FAZ UM BAIÃO
DUAS MEDIDAS DE ARROZ
PRA UMA SÓ DE FEIJÃO
BAIÃO É UM RANGO BOM
DA GENTE DO MEU SERTÃO
É UMA DELÍCIA O BAIÃO
DEPOIS DE LAVÁ O FEIJÃO
É SÓ BOTAR NO FOGÃO
DEIXE ELE LÁ COZINHANDO
FERVENDO NO CALDEIRÃO
E QUANDO JÁ TIVER BOM
BOTE MAIS ÁGUA E O ARROZ
É UMA DELÍCIA O BAIÃO
BOTE UM POUCO DE SAL
MEXA PRA NÃO EMPELOTAR
BAIXE O FOGO PRA O ARROZ
DÁ TEMPO DE COZINHAR
ANTES DA ÁGUA SECAR
VÁ PREPARAR OS TEMPEROS
PRA NO BAIÃO COLOCAR
PRA TEMPERAR O BAIÃO
VOCÊ VAI TER QUE USAR
ALHO, CEBOLA E CUENTO
E PIMENTÁ DE CHEIRÁ
E QUE QUISER ENFEITAR
BOTE TAMBÉM UM QUEIJIM
NINGUÉM NUM VAI RECLAMAR
SE ESSE POVO SOUBESSE
COMO É QUE FAZ UM BAIÃO
NÓS NUM SOFRIA DESGOSTO
NEM INDA CONSTIPAÇÃO
SÓ QUE APRENDI A LIÇÃO
E AFIRMO COM DICÇÃO
QUE NÃO EXISTE BAIÃO
MELHOR QUE O DO GONZAGÃO.
Por Paula Perin
sábado, 22 de março de 2008
Ode a Drummond

Encontrei Drummond bem no meio do meu caminho
Encontrei os versos que a pena não queria escrever
No meio do meu caminho
Encontrei Drummond.
Nunca vou me esquecer de que um dia
Dia este tão monótono e sem graça
Nunca me esquecerei que encontrei
Drummond
No meio do meio do meu caminho.
Ele me abraçou, me deu a mão
e me ensinou a ver a vida
A cantar a minha dor
e a minha lida.
E meu pranto.
Só não aprendi a fazer poesia de palavras,
como ele dizia.
Às vezes esboço algo aqui, ali,
e dá no que dá
o retrato de minha vida.
O importante é que encontrei Drummond
Bem no meio do meio do meu caminho
Não o largarei nunca mais.
quarta-feira, 19 de março de 2008
DESENCONTROS
Percorrendo os caminhos da vida
encontro sonhos e fábulas
procuro a mim mesma
e apenas o vulto encontro de mim
Onde estão os trilhos dourados que
se desenharam à minha volta?
Talvez em algum livro perdido
de alguma etnia extinta.
Os meus passos já não são aqueles
que me guiam ao meu espaço
Agora eles são aqueles que vagam
à procura de um ideal
que talvez nem exista mais
Que algum sonho mau tenha apagado
Desse meu pobre e sofrido coração.
Mas não desisto
Navego por esse mar de incertezas
Não encontro quem me dê a mão
Também não preciso
Se eu estender a minha mão
vou afogar-me e isso não quero.
Prefiro ficar só
Procurando algum raio de esperança
neste mar bravio
A ver se encontro
pela luz da primeira estrela noturna,
um obstáculo que me afunde mais
nesses desencontros entre eu e mim.